Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrerem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussuro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
(Al Berto, in Vigílias, Assírio & Alvim, 2004)
Photo by Mariana Newlands
*Sobre o projecto Poemagem*
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