"Os teus olhos foram feitos para atravessar o invisível. De outro modo, ficariam presos em todas as camadas que dão forma aos objectos; mas, se souberes acrescentar e subtrair, nada deste mundo será interdito aos teus olhos, nenhum muro será suficientemente opaco para detê-los, nenhum invisível será suficientemente fino para escapar-lhes. Acredita nos teus olhos com a mesma força com que crês naquilo que os teus olhos vêem. E responde ao mundo que recebe o teu olhar e o molda. Sim, o teu olhar também é um material, a erosão ou as mãos de outros poderão talhá-lo de acordo com o que sabem e o que não sabem, o que esperam e o que são capazes de imaginar. O único poder que terás sobre essas esculturas será a vantagem de responder, não com palavras ou gestos, mas com liberdade; responde sempre com liberdade. (...)"
(José Luís Peixoto, in Em teu ventre)
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