No início de 2021, eu e uma amiga iniciámos um exercício diário ao qual chamámos “ diário de momentos cintilantes” (inspiradas numa entrevista com o psiquiatra Prof. Dr. Pinto Gouveia). A ideia era, ao fim de cada dia, e independentemente de ter sido um dia bom ou não, nomearmos um momento, por mais banal ou rotineiro ou breve que fosse, em que tivéssemos estado verdadeiramente presentes, e que tivesse ajudado a equilibrar o lado bom da balança, daquilo que nos nutre e nos dá vida. Esse exercício acabou por definir o meu ano. Não me lembro de muitos acontecimentos marcantes (excepto, talvez, a esperança na forma de uma vacina e a ida da Nina para a escola). Não viajei, não fiz nada de muito diferente no trabalho, não tive grandes fases de euforia ou sofrimento. Foram 12 meses difusos, nublados, em que as estações do ano se misturaram, em que a alegria e a melancolia dançaram em conjunto, a contracção e a expansão se alternaram, numa espécie de equilíbrio, ainda que estranho e demasiado contido. Mas não me faltou saúde, amor e trabalho, e muitos momentos cintilantes que me mantiveram atenta e consciente de que a felicidade é um exercício diário de gratidão, alimentado pelas nossas rotinas de bem estar, as pequenas tradições familiares que nos aconchegam, amigos queridos com quem partilhar e muita fé que a vida escreve direito pelas linhas tortas que escolhermos seguir.
Desejo para 2022 um céu mais limpo, para possamos todos voltar a fazer planos, a curto, médio ou longo prazo, sem medos. E muitos momentos cintilantes!
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In early 2021, a friend and I began a daily exercise which we called “diary of sparkling moments” (inspired by an interview to Prof. Dr. Pinto Gouveia). The idea was, by the end of each day, and regardless of whether it was a good day or not, to name a moment, no matter how trivial or routine or brief, in which we had been truly present, and which had helped balance the good side of the scale, the one that nourishes us and feeds us with life. This exercise ended up defining my year. I don't remember many landmark events (except perhaps the hope in the form of a vaccine and Nina going to primary school). I didn't travel, I didn't do much different at work, I didn't have great periods of euphoria or suffering. It were 12 diffuse, cloudy months, in which the seasons blended, joy and melancholy danced together, contraction and expansion alternated, in some kind of balance, yet strange and too contained. But I had enough health, love and work, and many sparkling moments that kept me mindful and aware that happiness is a daily exercise in gratitude, fueled by our well-being routines, the little family traditions that shelter us, dear friends with who to share and much faith that life writes straight through the crooked lines we choose to follow.
I wish for 2022 a clearer sky, so we can get back to making plans, in the short, medium or long term, without fear. And many sparkling moments!
O trabalho foi marcado por uma colecção nova, há muito sonhada, a reafirmação do meu propósito de contribuir para um mundo mais sustentável através do meu trabalho de reabilitação têxtil, novas experiências em tingimento natural (que ainda não partilhei aqui mas será brevemente), e muitos desafios com inspiração no reino animal.
Obrigada por estarem aqui!
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My work was marked by a new long-awaited collection, the reaffirmation of my purpose of contributing to a more sustainable world through my textile rehabilitation work, new experiences in natural dyeing (which I haven't shared here yet, but will very soon), and lots of challenges inspired by the animal kingdom.
Thank you for being here!
1 comment:
Fabuloso este texto! Por muitos momentos cintilantes e obrigada!
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