8.2.11

De "O jogo favorito"


Photo by Nuno G.


"(...) Ele abeirou-se da janela e ficou a vê-la partir. Ela abriu a janela do carro e acenou-lhe, e, subitamente, estavam a acenar com uma intensidade e insistência com que nunca ninguém acena. Ela estava a chorar e a agitar-lhe a palma da mão, para a frente e para trás num semáforo urgente, como se quisesse apagar o ar matinal, por favor, todos os pactos, todas as juras, acordos, velhos e novos. Ele debruçou-se da janela e, com a mão sinaleira, aceitou em deixar a noite ir-se embora, em deixá-la ir em liberdade, porque tinha tudo quanto precisava dela fixo numa tarde. (...)"

(Leonard Cohen, in O jogo favorito)

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