24.1.14

O tempo, rebelde


"(...) Ela interrompe a sua leitura e olha lá para fora. Da janela onde se encontra, no segundo andar, pode observar o movimento da rua. Apesar do adiantado da hora, está tudo iluminado e a fervilhar de gente - pessoas que têm onde estar e outras sem ter para onde ir; pessoas com um destino certo e outras sem destino; pessoas que procuram deter o tempo, enquanto outras se esforçam por precipitar o curso dos acontecimentos. Após ter lançado um longo olhar na direcção do espectáculo difuso que se desenrola lá fora na rua, ela inspira e permanece por breves instantes com os pulmões cheios de ar antes de expirar, depois volta a mergulhar na leitura do livro."

(Haruki Murakami, in After dark, Os passageiros da noite)



Ultimamente os dias passam e mal tenho tempo de respirar. Vou-me focando no que posso, no que vai sendo urgente diariamente, à espera de dias mais lentos. Sinto falta do tempo que foge, saudades de paz, de música, do mar... o tempo é aquilo que fazemos com ele, mas quando a maior parte não nos pertence inteiramente, e é de quem nos paga o que comemos, a pressão para aproveitar bem o pouco que resta é ainda maior. Apesar do desabafo, prometi a mim mesma que não iria alimentar este tipo de pensamentos, porque não me fazem bem. Em alternativa, escolho respirar fundo, várias vezes ao dia, e seguir em frente. O tempo é um rebelde, mas sou grata pelo que me é concedido.

Bom fim-de-semana!


2 comments:

Celeste Vieira said...

Gostei muito e identifico-me! Força e espírito positivo!!

koklikô said...

Há fases assim, em que só queremos descer desde comboio em constante movimento e não conseguimos ...
Aproveita o fim de semana para sair num apeadeiro e vai ver o mar, dorme a sesta e a seguir descansa ;)
Beijinhos