15.7.20

My favorite maker



Ultimamente tenho pensado muito nas mulheres da minha família, sobretudo as minhas avós, e no que herdei delas. Tenho conseguido perceber quais os traços da minha personalidade que fui buscar a uma e a outra, e quais os ensinamentos que recebi de cada uma. Por exemplo, sei que herdei a criatividade e a tendência para o auto-didactismo da minha avó materna, e o gosto pelas plantas e pelas lãs da minha avó paterna, mas é mais do que isso, tenho acedido a memórias que estavam muito bem guardadas do tempo que passei com elas e percebido que eram muito mais do que aquilo que a minha percepção de neta podia alcançar naquela altura.

Na semana passada perdi uma das minhas pessoas favoritas. A minha ama era também uma espécie de avó, mas ainda mais do que isso, era uma espécie de 2ª mãe, uma mentora e uma enorme inspiração. Já aqui falei várias vezes dela, pois esteve sempre presente na minha vida e os laços entre nós nunca se perderam ou diminuíram.
Ensinou-me a costura, influenciou-me a dar atenção aos pormenores e a fazer com qualidade. Apoiou-me em todos os projectos criativos malucos que me passaram pela cabeça, fez-me os bolos de aniversário ano após ano tal como eu pedi, com todos os desenhos que para mim tivessem um significado especial. Era uma fazedora, uma artista em muitas frentes, uma empreendedora, uma incrível zero waster, uma super Mulher que se dividia entre cuidar de bebés, cozinhar para fora e costurar, e que apesar de muitas vezes estar aflita com trabalho, nunca dizia que não e tinha sempre paciência para mim. Foi uma das pessoas que mais me influenciaram no meu percurso profissional actual, e também aquela que nunca duvidou que conseguiria um dia trabalhar na minha marca a tempo inteiro. Era uma pessoa doce e cheia de amor para dar, e a melhor pasteleira que conheci.
Não tenho palavras para lhe agradecer o suficiente e sei que a saudade vai ficar sempre por aqui a roer...

...

Lately I have been thinking a lot about the women in my family, especially my grandmothers, and what I inherited from them. I've been able to understand which traits of my personality I got from each one of them, and what lessons I have received from them. For example, I know that I've inherited my creativity and tendency towards self-teaching from my maternal grandmother, and my paternal grandmother's love for herbs and wool, but it is more profound than that, I have been accessing memories that were very well kept from the time I spent with them and realized they were much more than what my perception of a granddaughter could achieve in that time.

Last week I lost one of my favorite persons in the world. My nanny was also a kind of grandmother, but even more than that, she was like a 2nd mother, a mentor and a huge inspiration. I have already talked about her here several times, as she has always been present in my life and our bonds never got lost or diminished.
She taught me how to sew, influenced me to pay attention to details and to make with quality. She supported me in all the crazy creative projects that crossed my mind, made my birthday cakes year after year just as I asked, with all the designs that had a special meaning for me. She was a maker, an artist of many fronts, an entrepreneur, an incredible zero waster, a super Woman who pivoted between taking care of babies, cooking out and sewing, and although she was often overwhelmed with work, she never said no and always had patience for me. She was one of the people who most influenced me in my current professional career, and also the one who never doubted that I would one day be able to work on my brand full time. She was a sweet person full of love to give, and the best baker I have ever met.
I don't have enough words to thank her and I know I'll always miss her badly...

2 comments:

Dulce said...

Lamento muito Adriana. O nosso mundo fica sempre mais pobre e mais triste quando alguém que fez parte da nossa vida parte. Sobretudo quando essa pessoa é fonte de amor e inspiração.
Esse exercício que fizeste é muito interessante. Fazendo essa reflexão, vejo que mais do que às minhas avós, fui buscar traços dos meus avôs. Não podiam ser pessoas mais diferentes. Um era um homem de família, bondoso, generoso e afectuoso. O outro era um eremita,que que viveu praticamente isolado, afastado da mulher, filhos e netos, numa casinha só com um quarto e uma cozinha mas que tinha uma horta digna de um conto de fadas da qual guardo recordações maravilhosas. Um homem que mal trocou duas palavras com os netos, que me deu a experimentar um cigarro mata ratos aos 7 anos e que no entanto acabou por me inspirar de uma certa maneira...
Mas a minha verdadeira inspiração é a minha mãe <3
Obrigada pela partilha e um abraço pela tua perda :*

Adriana Oliveira said...

Obrigada querida amiga pelas tuas palavras! Que bom que te levei também a fazer essa reflexão! Falei das avós porque tenho pensado mais em termos de energias femininas, mas dos avôs também teria muito a pensar e dizer 😊 A minha mãe também é aquele pilar, mas tão óbvio que nem precisava de pensar muito, a influência é notória! E agora vê-se muito também na Nina, são tão parecidas! Um grande abraço ❤