19.2.25

Places to return to











Há lugares que nos ficam para sempre no coração, por muitos anos que passem. Amigos também! Este ano, depois de algumas muito breves visitas nos últimos verões, regressámos a um desses lugares, o Monte do Sapeiro, que guarda tantas memórias boas! Estar ali em pleno Inverno foi algo novo para nós, mas a Primavera já dava sinais de querer despontar nos campos de flores silvestres espalhados um pouco por toda a parte. Foi muito bom ver que algumas coisas não mudam, mesmo que tudo o resto tenha mudado, mesmo que nós tenhamos mudado e as famílias crescido. Um misto de nostalgia e descoberta, até porque há sempre paisagens novas para descobrir! 

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There are places that stay in our hearts forever, no matter how many years pass. Friends too! This year, after some very brief visits in the last summers, we returned to one of those places, Monte do Sapeiro, which holds so many good memories! Being there in the middle of winter was something new for us, but spring was already showing signs of wanting to emerge in the fields of wild flowers spread a little everywhere. It was great to see that some things don't change, even if everything else has changed, even if we've changed and families have grown. A mix of nostalgia and discovery, because there are always new landscapes to explore!

3.2.25

About January

 



Janeiro trouxe tempestades, a bonita luz de Inverno, abelhas para a minha varanda, histórias de super vilões à conquista do mundo, e o regresso ao um dos nossos lugares do coração. O início de Fevereiro recorda-me sempre que a Primavera não tarda muito e os dias maiores são uma esperança renovada.
Bom Fevereiro!

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January brought us storms, beautiful winter light, bees to my balcony, stories of super villains conquering the world, and the return to one of our favorite places. The beginning of February always reminds me that Spring is near,  and longer days mean renewed hope.
Happy February!


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28.1.25

Shop update: new Note to Self Bracelets




Há mais uma fornada de pulseiras Note to Self disponível na Loja, com palavras em inglês e em português, para começarmos o ano com a energia certa!

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There's a new batch of Note to Self bracelets in the Shop, with words in English and Portuguese, to begin the new year in the right mood! 

27.1.25

Handmade lately


Ref.: bl271


Ref.: bl270



Ref.: bl273



Ref.: el108, ml120


Ref.: el109

Ref.: rp77
Ref.: rp81


Ref.: rp83


Ref.: rp82


Estas foram as peças que fiz (ou alterei) mais recentemente:

- Estojos de lápis para a Loja, com as plantas da Soul Garden Collection
- Um porta-moedas com fecho, também inspirado na Soul Garden Collection, uma encomenda personalizada
- Uma capa para livros e um marcador de livros a condizer, para oferecer
- Uma capa para livros para uma encomenda personalizada, com uma Emotional Landscape, uma ode à minha criança interior, à leveza de viver, à alegria e à contemplação.
- Uma blusa que tricotei, seguindo as instruções da "Blusa Ciranda", da Ângela Quaresma, com o fio Ciranda, da Rosários 4
- Um remendo numas meias de lã, usando a técnica do crochet.
- Um remendo numa camisola que comprei em 2ª mão, em que aproveitei para experimentar um dos modelos da minha amiga Judit Gummlich, Mimosa, do livro "Embroidery on knits",
- Uma colaboração com a Nina para personalizar uma camisola para a minha afilhada. O dragão é design dela, e eu pintei e bordei-o no tecido.


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These were my latest handmade projects:

- Pencil cases for the Shop, with Soul Garden Collection botanicals
- A zippered coin purse, also inspired by Soul Garden Collection, for a custom order
- A book cover with a matching bookmark, for a gift
- A book cover for a custom order, with an Emotional Landscape, an ode to my inner child, to lightness of being, to fun and contemplation.
- A blouse I knitted following Ângela Quaresma's instructions on the challenge "Blusa Ciranda", and using the yarn Ciranda, by Rosários 4.
- A visible mending on a pair of woolen socks using crochet technique.
- A visible mending on a sweater I bought second hand, where I had the chance to try my dear friend Judit Gummlich's pattern Mimosa, from her book "Embroidery on knits".
- A collaboration with Nina to customize a sweater for my goddaughter. The dragon was Nina's design and I painted and embroidered it on the fabric.




31.12.24

About 2024






2024 passou depressa demais, não fiz quase nada da minha lista de resoluções, e sinto que passei a maior parte do tempo a sobreviver e a tentar pôr alguma ordem no caos do dia-a-dia, um caos real ou percebido, que muito provavelmente mais não é do que a minha resposta ao grande desfasamento que sinto entre a velocidade de tudo o resto e a lentidão que o corpo e a alma me pedem. Acontece-me com frequência constatar que o "tempo certo" não é "o meu tempo". Tudo fora parece rápido, superficial, artificial, efémero. Entretenimento, consumo, um enorme vazio em formato vídeo de 5 segundos em que as ideias, os tiques, a linguagem, os erros, se repetem até à exaustão, ou até deixarem de ser virais para dar lugar ao próximo hit. 
2024 foi um ano (aparentemente) pouco produtivo. Em que muitas certezas que tinha deixaram de existir, se diluíram. Talvez eu esteja também a mudar. Tal como o mundo à minha volta. O grande trabalho foi feito do lado de dentro, ao abraçar o silêncio, ao perceber o quanto peso andava a arrastar , ao ponto de constantemente adiar a minha criatividade, para dar respostas imediatas, para sobreviver. Apesar de tudo, 2024 foi um ano de colaborações, de dar uma mãozinha em projectos bonitos e ver nascer a magia nas mãos de outras pessoas, de abrir um pouco o meu mundo e partilhá-lo. Que bom! Foi também um ano de distribuir jardins de flores e palavras pelo mundo!
Em 2024 abracei a mudança que o meu corpo começa a sofrer e, finalmente, aceitei que nunca vou ter a saúde perfeita, a energia perfeita, mas que mesmo assim me sinto muito melhor do que nos últimos anos.
Em 2024 vi concertos muito bonitos. Passei umas férias incríveis e percebi que ainda me consigo divertir, ainda que de uma forma suave (talvez pela camada excessivamente pesada de amadurecimento que trago em cima), mas, ainda assim... :)
Cultivei a minha mini horta de varanda de forma mais consistente, e um pequeno espaço no quintal da casa dos meus avós. Uma horta humilde mas suficiente para nos dar umas sopas e saladas, e muita paz. Das minhas mãos e da terra nasceram nabiças, couves, alfaces, espinafres, rúcula , manjericão, tomate, cebolinho, alecrim e calêndulas.
Em 2024 vi a minha filha começar a sua aprendizagem na música e adorei reviver algumas emoções do passado quando a vi em palco pela primeira vez.
Apanhei dois grandes sustos com o sr. Linho, mas também aprendi a compreendê-lo melhor.
Em 2024 senti medo, ansiedade, tristeza, frustração e raiva, mas também alegria, gratidão, paz. E muito Amor, que é e será sempre a minha bóia de salvação para navegar as marés com todas as suas correntes.

A palavra que mais repeti a mim mesma em 2024 foi "Confia". Apesar do medo, da incerteza e do cansaço, confiar na vida e em mim tem sido uma grande aprendizagem, sobretudo quando há tanto ruído de fundo. Ouvir mais a voz que me sussurra que vai correr tudo bem, mesmo que não seja fácil. Deixar-me guiar por ela. Deixar-me ir.
A cada passo dado, um novo desafio se abre, e essa confiança foi-se transformando em Rendição. Confiar não é suficiente quando tudo em mim resiste, trava, evita. É na aprendizagem da aceitação leve que o meu caminho se faz agora. Seguir o rumo que a estrada tomar, mesmo sem saber onde me leva, deixar-me estar nas emoções que daí vierem. Fazer o melhor que souber com o que tenho, entregar o que não está nas minhas mãos. 

Que o novo ano nos traga muita paz, amor e tempo de qualidade! Obrigada por estarem aí, comigo!

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2024 has gone by too quickly, I did almost nothing from my resolutions list, and I felt like spending most of the time surviving and trying to put some order in the chaos of everyday life, a real or perceived chaos, which most likely is nothing more than my response to the great disconnection I feel between the speed of everything else and the slowness that my body and soul need. It often happens to me that the "right time" is not "my time". Everything outside seems fast, superficial, artificial, ephemeral. Entertainment, consumption, a huge emptiness in the format of a 5-second video in which ideas, tics, language, typos, are repeated to exhaustion, or until they stop being viral and give way to the next hit.
2024 was an (apparently) unproductive year. In which many certainties I had ceased to exist, just diluted. Maybe I'm changing too. Just like the world around me. The greatest work was done on the inside, by embracing the silence, by realizing how much weight I was dragging, to the point of constantly postponing my creativity in order to give immediate responses, to survive.
Despite everything, 2024 was a year of collaborations, of lending a hand in beautiful creative projects and seeing magic born in the hands of other people, opening up my world a little and sharing it. So good!
It was also a year of distributing gardens of flowers and words around the world!
In 2024 I embraced the changes that my body is going through, and I finally accepted that I will never have perfect health, perfect energy, but that I still feel much better now than I have in recent years.
In 2024 I went to very beautiful shows. I had an amazing vacation and realized that I can still have fun, even if in a gentle way (maybe because of the overly heavy layer of maturity I carry on top), but still... :)
I cultivated my mini balcony garden more consistently, and a small space in the backyard of my grandparents' house. A humble garden but enough to give us some soups and salads, and a lot of peace. From my hands and from the earth, turnips, cabbage, lettuce, spinach, arugula, basil, tomatoes, chives, rosemary and marigolds were born.
In 2024 I saw my daughter begin her music education and I loved reliving some emotions from the past when I saw her on stage for the first time.
I had two big scares with Mr. Linho, but I also learned to understand him better.
In 2024 I felt fear, anxiety, sadness, frustration and anger, but also joy, gratitude, peace. And lots of Love, which is and will always be my life buoy to navigate the tides with all their currents.

The word I repeated to myself most in 2024 was “Trust”. Despite the fear, uncertainty and tiredness, trusting life and myself has been a great learning experience, especially when there is so much background noise. Listening more to the voice that whispers to me that everything will be fine, even if it's in an easy way. Letting myself be guided by it, letting myself go.
With each step taken, a new challenge opens, and this trust has turned into "Surrender". Trusting is not enough when everything in me resists, fights, avoids. It is about learning light acceptance that my path is now made. Following the direction the road takes me, even without knowing where it leads, letting myself sit in the emotions that come. Doing the best I know with what I have, accepting what is not in my hands.

May 2025 bring us lots of peace, love and quality time! Thank you for being there with me!

23.12.24

Christmas in Winter mode









Esta época é, para mim, sinónimo de família e de reuniões com aqueles que me são queridos, aconchego e lar. E, ainda que o ruído seja muito, pois pelo meio há uma boa dose de correrias, compras, stress, conflitos para gerir, dinheiro para gastar, tarefas extra para fazer, prefiro focar-me no que resta da magia desta época, enquanto posso. Mas este é também tempo de pausa, depois de uma das épocas de maior trabalho. Aqueles dias em que, finalmente, expiro todo o ano que passou, e começo os meus balanços internos. Este ano, tal como nos outros, senti uma grande vontade de abrandar, e respeitar o meu corpo, já em modo de inverno e numa corrente oposta a tudo lá fora. E, pela primeira vez, desapeguei-me dos muitos planos que tinha para produzir trabalho, e deixei-me levar por uma maior lentidão. Deixei-me apoderar de um vazio que tem crescido, criativo e existencial. Uma necessidade de ficar quieta, num modo sem tempo, sem forma, sem nome. Como se eu estivesse coberta por uma camada de neve. E deixasse de ver o que está por baixo a germinar. E bem sabemos que não vale a pena desenterrar antes do tempo o que lá está, porque ainda vai nevar mais um pouco, e arruinaria as hipóteses de ver crescer alguma coisa depois. Por agora deixo-me estar, no colo deste vazio, certa de que, lá mais à frente, algo vai nascer. Algo novo ou renovado, não sei, mas confio que será bom. 

Que este seja um Natal de nutrição, de esperança e muito amor!


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This season is, for me, synonymous with family and reunions with those dear to me, comfort and home. And, despite all the noise around, because in between there is a good dose of rush, shopping, stress, conflicts to manage, money to spend, extra tasks to do, I prefer to focus on what's left of the magic of this time, while I can. But this is also the time to pause, after one of the busiest seasons in work. Those days when I finally breathe out the past year and begin taking stock. This year, as in others, I felt a great need to slow down, and respect my body, already in winter mode and in an opposite current to everything outside. And, for the first time, I let go of the many plans I had to produce work, and let myself be carried away by slowness. I let myself be embraced by an emptiness that has grown inside lately, creatively and existentially. A need to be still, in a timeless, formless, nameless mode. As if I were covered in a layer of snow. And stopped seeing what is germinating underneath. And we know that it's not worth digging up what's there too soon, because it's still going to snow a little more, and that would ruin the chances of seeing something grow later. For now, I let myself be, in the lap of this void, certain that, sometime later, something will be born. Something new or renewed, I don't know, but I trust it will be good.

May this be a Christmas of nurture, hope and lots of love!

21.12.24

Winter
















"-Ouve! - disse ele por fim, como modos algo bruscos. - Sabes com certeza que nada posso fazer de momento?
Os seus dois amigos anuíram, percebendo bem o que ele queria dizer. Segundo as regras da etiqueta animal, não se pode exigir a nenhum deles que faça algo de tenaz, heróico ou tão-só moderadamente activo durante a época de descanso invernal. Todos se encontram sonolentos e alguns passam mesmo esse período a dormir. Todos ficam mais ou menos bloqueados pelo clima; e todos descansam dos extenuantes dias e noites durante os quais os seus músculos tiveram de ser postos à prova duramente e todas as suas energias utilizadas ao máximo. 
- Pois então muito bem! - prosseguiu o Texugo. - Mas quando o ano rodar e passar o Inverno, quando as noites ficarem mais curtas e a gente acordar com vontade de agir logo a nascer do sol, se não for antes - vocês já sabem!(...)

Tinham chegado à orla do Bosque Selvagem. Para trás ficavam os rochedos, os espinheiros e as raízes das árvores, confusamente amontoados e enredados; em frente, uma grande área de campos silenciosos, bordejados de sebes, negras sobre a neve, e mais para além um reflexo do velho rio, tão familiar, enquanto o invernoso sol desaparecia, vermelho e baixo, no horizonte. (...) Parando ali a descansar um pouco e olhando para trás, viram o denso volume do Bosque Selvagem, ameaçador, compacto, sinistramente assentado sobre a vasta brancura do ambiente. Num movimento simultâneo, viraram-lhe as costas, rumando rapidamente para casa, para o lume, para as coisas familiares que ela continuava a significar, para a voz do rio que alegremente soava diante da janela, daquele rio que conheciam e em quem sempre confiavam, que nunca os tinha assustado com quaisquer assombros."


(Kenneth Grahame, O Vento nos Salgueiros)


Bem-vindo Inverno!